Passados
20 anos da realização da exposição mundial em Lisboa, com o tema dos Oceanos,
relembro este evento como algo que poderá ter fomentado, em parte, o meu gosto
pelas viagens. Aos 6 anos já me tinha estreado na Expo 92, realizada em
Sevilha. Lembro-me de existirem pavilhões enormes com coisas diferentes de tudo
o que tinha visto. Aos 12 anos, em Lisboa, a perspetiva e a experiência que
tive a visitar cada pavilhão dos 146 países e 14 organizações internacionais
presentes, foi bem mais completa. Para além de que em 98 estávamos “a jogar em
casa”, e com uns pais igualmente loucos por viagens, fiz “excursões” frequentes
a Lisboa, entre 22 de maio a 30 setembro de 1998, tendo sido um dos cerca de 11
milhões de visitantes da Expo 98.
After 20 years of the world
exhibition in Lisbon, with the Oceans theme, I remember this event as something
that may have fostered, in part, my travel bug. By the age of 6 I had already
made my debut in Expo 92, hosted in Seville. I remember that there were huge
pavilions with so many things different from everything I had seen before. With
12 years old, in Lisbon, the perspective and experience I had while visiting each
pavilion of the 146 countries and 14 international organizations present there,
was much more complete. Apart from the fact that in 1998 we were "playing
at home", and with some equally travel-crazy parents, I made frequent
"excursions" to Lisbon between May 22 and September 30, 1998, being
one of the 11 million visitors of the Expo 98.
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Postal da Expo 92 |
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Postal Expo 98 |
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Recinto da Expo 98 em Lisboa (photo by Mário Santos) |
Bem,
entrar no Parque das Nações onde se realizou a Expo em 98, naquele tempo era
como entrar numa realidade paralela, onde havia muita coisa nova para conhecer,
envolta em inovação ambiental e tecnológica. Por exemplo, lembro-me de ter um
relógio da Swatch, modelo Adamastor, que continha um chip que servia como
bilhete eletrónico para entrar no recinto. Isto hoje é completamente banal com
os
smartphones, mas há 20 atrás era uma grande novidade. Para ires de
uma ponta à outra do parque podias ir de teleférico, uma viagem que percorria
cerca de 1.230 metros à beira do Tejo. Como uma senhora que aguardava à minha
frente na fila dizia: “vamos andar nos cestos”.
So, entering Parque das Nações where the Expo was held in 98, in that time was
like entering in a parallel reality, where there were too many things to get to
know, surrounded by environmental and technological innovation. For example, I
remember having a Swatch watch, model Adamastor, which contained a chip that
served as an electronic ticket to enter the venue. This today is completely normal
with smartphones, but 20 years ago was a great novelty. To go from one end to
the other of the park you could go by cable car, a trip that travelled about
1,230 meters at the edge of the Tagus. As one lady standing in front of me in
the line said: "We will go on the baskets!"
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Bilhete para a Expo 98 |
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Entrada principal para a Expo 98 (photo by Mário Santos) |
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Teleférico (photo by Mário Santos) |
Podias
caminhar pelo parque por entre as alamedas e jardins, mas em plenos meses de
verão o calor era considerável, o que não era proporcional ao número de sombras
existentes. Existia, no entanto, vários sítios refrescantes, como a Alameda dos
Oceanos com vulcões de água que explodiam de tempos em tempos ou os Jardins de Água
com uma grande cascata. Na altura imaginava-me a meter-me lá de baixo, mas
fiquei pela imaginação só, infelizmente!
You could walk through the park
through the alleys and gardens, but in full summer months the heat was
considerable, which was not proportional with the number of shadows. There
were, however, several refreshing places, like the Alameda dos Oceanos with volcanoes of water that exploded from time
to time or the Water Gardens with a great waterfall. At the time I imagined
myself getting underneath, but I was only imagining, unfortunately!
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Vulcão de água (photo by Mário Santos) |
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Vulcão de água (photo by Mário Santos) |
Para
qualquer criança a mascote era também uma atração. Ainda hoje recordo o Gil com
carinho, batizado em homenagem ao navegador português Gil Eanes, tendo o
peluche bem guardado em lá casa.
For any child the mascot was also an attraction. Even today I remember Gil with affection, baptized in honour of the Portuguese navigator Gil Eanes. I still have Gil teddy well-kept at home.
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Gil (photo by Mário Santos) |
Para
além de todo o cativante cenário, foram vários os pavilhões que me ficaram na
memória. Para além dos pavilhões dos países e organizações participantes, onde
cada um dava a conhecer a sua história, cultura e gastronomia, existiam também
vários edifícios dedicados ao tema do evento: “Os Oceanos um património para o
futuro”. Estes eram o Pavilhão do Conhecimento dos Mares, Pavilhão do Futuro,
Pavilhão dos Oceanos, Pavilhão de Portugal, Pavilhão da Realidade Virtual e
Pavilhão da Utopia.
Apart from all the captivating
scenery, there were several pavilions that stayed in my memory. In addition to
the pavilions of the participating countries and organizations, where each one showed
its history, culture and gastronomy, there were also several buildings
dedicated to the theme of the event: "The Oceans a heritage for the
future". These were the Knowledge Pavilion of the Seas, Pavilion of the
Future, Pavilion of the Oceans, Pavilion of Portugal, Pavilion of Virtual
Reality and Pavilion of Utopia.
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Pavilhão do Japão (photo by Mário Santos) |
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Submarino no Pavilhão do Japão (photo by Mário Santos) |
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Pavilhão da Coca-Cola (photo by Mário Santos) |
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Pavilhão dos Oceanos (photo by Mário Santos) |
Dos
pavilhões, lembro-me especialmente do Pavilhão de Macau, que recriou a fachada
das Ruínas da Igreja de São Paulo, onde bebi o meu chá favorito pela primeira
vez, o chá de jasmim. O Pavilhão da Suécia com Ovos gigantes, que no interior
possuíam o clima das diferentes estações do ano, ou do Pavilhão das Ilhas
Seicheles onde tinham uma tartaruga gigante.
From the pavilions, I particularly
remember the Macau Pavilion, which re-created the facade of the Ruins of St.
Paul's Church, where I drank my favourite tea for the first time, the jasmine
tea. The Swedish Pavilion with Giant Eggs, which in the interior had the
weather of the different seasons, or the Seychelles Pavilion where they had a
giant tortoise.
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Pavilhão de Macau (photo by Mário Santos) |
Os
pavilhões mais procurados tinham filas enormes, até existiam bancos
descartáveis que as pessoas podiam adquirir para descansar as pernocas. No caso
de ires com companhia também podias sempre revezar e aproveitar para ir a
outros pavilhões sem fila, como por exemplo, seguir o cheirinho a
Chausson
de maçã até ao Pavilhão de França e deliciares-te com as guloseimas daquele ou
de outros países.
The most sought-after pavilions had
huge queues, there were even disposable benches that people could get to rest
their legs. In case you go with company, you could always take turns and go to
other lodges without queuing, for example, follow the smell of apple Chausson to the Pavilion of France and
enjoy the delicacies of that or other countries.
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Longas filas (photo by Mário Santos) |
Para
a posterioridade ficaram pavilhões como o de Portugal, que é um ícone da
arquitetura do Parque das Nações com a famosa pala desenhada por Siza Vieira. O
Pavilhão da Utopia, atual Altice Arena, onde se realizam muitos concertos, na
altura realizava-se um espetáculo multimédia intitulado “Oceanos e Utopias”,
uma viagem desde a suposta origem do Universo até à atualidade. O Oceanário, é
claro, com as lontras Amália e Eusébio, o segundo maior da Europa. O Teatro
Camões, sede atual da Companhia Nacional de Bailado, o Pavilhão do Futuro,
atual Casino de Lisboa, o Pavilhão do Conhecimento dos Mares, atual Museu da
Ciência, a Gare do Oriente, desenhada por Santiago Calatrava, o Centro
Comercial Vasco da Gama, que na altura era a entrada principal no recinto, a
Ponte Vasco da Gama e a torre com o mesmo nome ao seu lado, agora Hotel Myriad
by Sana, que faz lembrar um dos hotéis do Dubai.
For posteriority, this place keep
pavilions like Portugal, which is an icon of the architecture of the Parque das Nações, with the famous roof designed
by Siza Vieira. The Utopia Pavilion, nowadays named Altice Arena, where many
concerts take place, at the time a multimedia show entitled "Oceans and
Utopias", whose aim was to take you into a trip from the supposed origin
of the Universe until the present time. The Oceanarium, of course, with the
otters Amalia and Eusébio, the second largest in Europe. The Camões Theater,
current headquarters of the National Ballet Company, the Pavilhão do Futuro, the current Casino de Lisboa, Pavilhão do Conhecimento dos Mares,
current Museum of Science, Gare do
Oriente, designed by Santiago Calatrava, Vasco da Gama Shopping Center,
which at the time was the main entrance to the venue, the Vasco da Gama Bridge
and the tower with the same name by its side, now Hotel Myriad by Sana,
reminiscent of one of Dubai's hotels.
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Pavilhão de Portugal (photo by Littlelle) |
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Pavilhão da Utopia, atual Altice Arena (photo by Littlelle) |
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Lontra no Oceanário de Lisboa (photo by Littlelle) |
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Oceanário (photo by Littlelle) |
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Oceanário (photo by Littlelle) |
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Teatro Camões (photo by Mário Santos) |
Cada
dia na Expo era uma festa, por isso terminava em grande, com um espetáculo
multimédia, o
Acqua Matrix.
Every day at the Expo was a party, so it ended a great way, with a multimedia spectacle, the Acqua Matrix.
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Praça Sony (photo by António Matias) |
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Olharapos (photo by Mário Santos) |
Impressionante
como um evento pode transformar uma cidade. No atual Parque das Nações, onde
ficam hoje todos estes edifícios com lojas, restaurantes, museus, serviços e
empresas, era antigamente um parque industrial. Particularmente,
pode também inspirar e moldar a vida de alguém, no meu caso considero um dos
eventos significativos na minha vida. Se formos a ver, no contexto histórico
dos anos 90, visitar uma exposição mundial, quase que é análogo a viajar de
forma
low cost hoje em dia, uma vez que na altura não existia uma facilidade
tão grande em viajar ou estar em permanente ligação ao que se passa no mundo ao
nosso redor. As fotografias desta publicação são especiais, pois pertencem a três gerações da minha família. São minhas, do meu pai e do meu avô materno, pessoas que me contagiaram com a sua paixão pela fotografia. Destaco então esta publicação para assinalar o 2º ano deste blog de viagens, onde fiz todo
este throwback ao passado. Somos uma construção de experiências
😊
Impressive how an event can transform a city. In the current Parque das Nações, where are today all these buildings with shops, restaurants, museums, services and companies, was formerly an industrial park. In particular, it can also inspire
and shape one's life, in my case I consider one of the significant events of my
life. Thinking about it, in the historical context of the 90s, visiting a world
exhibition is almost analogous to travel in a low cost way nowadays, since at the
time there wasn’t such a great facility in traveling or being in permanent
connection with world around us. The photos in this publication are special because they belong to three generations of my family. They are mine, from my father and my maternal grandfather, people who infected me with their contagious passion for photography. So, with this special post, I highlight the 2nd year of
this travel blog, I did all this throwback to the
past. We are a building of experiences 😊
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Parque das Nações pós Expo 98 (photo by Mário Santos) |
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Parque das Nações em 2018 (photo by Littlelle) |
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